Já ouviu falar de Indicações Geográfica do vinho brasileiro? Indicação de Procedência ou Denominação de Origem? Sabe o que são e para o que servem? Neste post, tentei explicar de forma breve e objetiva o que isso significa para o vinho e para você, consumidor. Alías, aproveitei a data do DIA DO VINHO BRASILEIRO para fazer este post. A saber, o Dia Nacional do Vinho foi criado em 2017. É comemorado sempre no primeiro domingo do mês de junho com atrações em vinícolas, restaurantes e regiões produtoras. Atualmente, o vinho nacional é produzido de norte a sul. E pasmem, o Brasil é único país do mundo onde há três tipos de viticultura para produção de uvas, sucos e vinhos: tradicional, tropical e vinhos de inverno.
O que são as Indicações Geográficas do vinho brasileiro ?
As Indicações Geográficas se referem a produtos ou serviços que tenham uma origem geográfica específica. Seu registro confere um certificado e selo (conferido pelo INPI) ao produto que reconhece reputação, qualidades e características que estão vinculadas ao local, dentro de uma associação. Como resultado, as Indicações Geográficas comunicam ao mundo que uma certa região se especializou e tem capacidade de produzir um produto diferenciado e de excelência.
Ou seja, a certificação confere qualidade, tipicidade e valor ao produto. Ajuda também a valorizar toda a cadeia: enoturismo, cidade, cantinas, restaurantes, etc. Muitas regiões de vinho têm indicações de procedência como as conferidas pelo INPI, vide França (com suas apelações) e Itália (com denominações de origem).
Tem indicação de vinho de amigo, tem indicação de especialistas. E tem também as Indicações Geográficas. Afinal, o que são elas?
Champagne, uma das Indicações Geográficas mais famosas do mundo
Para facilitar o entendimento, basta lembrar da região de Champagne na França. Trata-se de uma das Indicações Geográfias mais famosas do mundo. Ou então, do vinho do Porto em Portugal, que foi a primeira indicação geográfica de forma jurídica no mundo, em 1756. No Brasil, uma lei – inspirada nas européias – regulamentou as Indicações Geográficas a partir de 1996.
Indicações Geográficas do vinho brasileiro: DO e IP
As Indicações Geográficas se dividem em:
- Indicação de Procedência (IP) – que faz toda uma região ser reconhecida geograficamente por um produto típico
- Denominação de Origem (DO) – região mais delimitada para produção de um produto típico. Mais regras, mais restritiva.
A Indicação Geográfica é o grande guarda-chuva que se divide em: Indicação de Procedência (IP) e Denominação de Origem (DO). Normalmente a DO é sempre mais restritiva do que a Indicação de Procedência (IP). As Indicações Geográficas do vinho no Brasil foram baseadas nas legislações francesas.
Vale dos Vinhedos, primeira Indicação Geográfica de vinhos
Os vinhos e espumantes do Vale dos Vinhedos se tornaram os primeiros produtos brasileiros com Indicação Geográfica em 2002 — Modalidade Indicação de Procedência (IP). Em 2012, dez anos depois, o INPI conferiu a “DENOMINAÇÃO DE ORIGEM” ao Vale dos Vinhedos.
Embrapa Uva e Vinho: pesquisa, desenvolimento e valorização da vitivinicultura brasileira
Em 2022, o nosso Podcast Gurias do Vinho publicou um episódio que conta de forma descomplicada o que são e quais são as Indicações Geográficas do vinho Brasileiro. O episódio é o #14 , e a entrevistada foi Viviane Zanella, jornalista da Embrapa Uva e Vinho. A Embrapa Uva e Vinho é instituição responsável por grande parte das pesquisas no setor vitivinícola brasileiro. Sem falar de sua forte atuação também no desenvolvimento e valorização do vinho. As Indicações Geográficas estão formente ligadas a esta instituição que fortelace todo o setor.
E quais são as indicações Geográficas do Brasil para vinhos e espumantes ?
Atualmente, o Brasil tem 12 Indicações Geográficas para vinhos e espumantes, sendo que grande parte delas está no Rio Grande do Sul. Afinal, o sul foi a região pioneira na produção da uva e do vinho.
Quais são as Indicações Geográficas do Vinho Brasileiro
- IP Vale dos Vinhedos RS
- IP Campanha Gaúcha (RS)
- IP Altos Montes (RS)
- IP Farroupilha (RS)
- IP Altos de Pinto Bandeira (RS)
- IP Monte Belo (RS)
- IP Vales da Uva Goethe (SC)
- IP Vinhos de Altitute de Santa Catarina (SC)
- IP Vale do Rio São Francisco (Bahia e Pernambuco) – indicação para vinhos tropicais
- IP Vinhos de Bituruna (Paraná)
- DO Vale dos Vinhedos (RS)
- DO Altos de Pinto Bandeira (RS) – primeira do Hemisfério Sul a se dedicar exclusivamente à produção de espumante natural, obtida em 2022.
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As Denominações de Origem no Mundo
A DO (Denomiação de Origem) é considerada um bem valioso no mundo dos vinhos. Entre algumas regiões aclamadas no mundo com DO estão Champagne (França), Porto (Portugal), Rioja (Espanha), Barolo (Itália), Bordeaux, (França), Chianti (Itália), Tokay ou Tokaji (Hungria – vinhos da podridão nobre da uva). Uma curiosidade, o Chile inteiro é uma DO para vinhos, sabia?
A Indicação Geográfica está relacionada com a qualidade do vinho?
Nem sempre. As indicações conferem valor e protegem a região. Mas um bom vinho também pode surgir de outros terroirs.
Uma Indicação de Procedência ou Denominação de Origem ajuda a vendar mais ?
Segundo especialistas, não ajuda a vender mais, mas ajuda a vender melhor os vinhos da região com a Indicação. É uma espécie de cartão de visita. O Vale dos Vinhedos é um grande exemplo disso.
Apenas os vinhos que tem Indicações Geográficas ?
Não, existem outros produtos brasileiros com Indicações Geográficas, por exemplo: o Queijo da Canastra (MG), Café do Cerrado (MG), Camarão da Costa Negra (Ceará), Arroz do Litoral Norte Gaúcho.
Quais são as novas Indicações Geográficas do vinho brasileiro
Em 2022, o vinho Brasileiro recebeu 3 indicações Geográficas. São elas:
IP Vale do Rio São Francisco (Bahia e Pernanbuco): 1ª IP para vinhos tropicais do mundo
IP Vinhos de Bituruna (Paraná)
DO Altos de Pinto Bandeira (RS): 1ª DO de para espumantes no Novo Mundo
Ouça o Episódio do Podcast Gurias do Vinho sobre o tema Indicações Geográficas do Vinho
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Sobre o Podcast Gurias do Vinho
O Gurias do Vinho é um projeto do Café Viagem junto com a Andreia Debon (da Revista Bon Vivant) e a Produtora America. Foi lançado em 2022. Tem perfil no Instagram e uma série em PODCAST. Essa turma boa se juntou para falar de vinho e amizade, sem frescura e em boa companhia. As apresentadoras são amigas gaúchas e sommeliers. Do Brasil, eu, @alexandraaranovich. Da Itália, @andreiadebon.
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Ouça também no Podcast Gurias do Vinho
A história do espumante Brasileiro – série especial
Vinhos de Colheita de Inverno
Gurias na Estrada do Vinho Brasileiro
Oi, sou a Alexandra Aranovich
Autora do blog Café Viagem, criadora de conteúdo e sommelier. Degusto a vida entre vinhos, viagens e café da manhã. Moro em Porto Alegre, mas vivo com o coração no mundo. Como posso te ajudar a degustar teu sonho?