As dicas e comentários são de quem entende mesmo do assunto: o advogado Norberto Flach. Uma honra receber estas dicas de jazz de Nova Iorque aqui no Café Viagem! Obrigada.
Segunda-feira, 12 de abril :
Mingus Dinasty, no Jazz Standard (116 East 27th Street, entre Park e Lex)
Na Mingus Dinasty (piano, baixo, bateria, trombone, trompete, sax barítono e sax alto/flauta) todos tocam no espírito da música de Charles Mingus: arranjos escritos complexos e, ao mesmo tempo, com muito espaço para improviso e invenção. Há ainda a Mingus Orchestra (com instrumentos de cordas e madeiras) e a Mingus Big Band. Todas estas formações são abençoadas pela viúva de Charles, Sue Mingus, sempre presente nas já tradicionais “Mingus Mondays”. O Jazz Standard (www.jazzstandard.com) é um porão surpreendentemente arejado e de elegância discreta. No mesmo endereço, nível da rua, pode-se jantar antes ou depois do jazz no ótimo restaurante de barbecue, o Blues Smoke.
comentário café viagem: eles tem um programa de Jazz para crianças com almoço e tudo. Muito legal, entra aqui pra saber detalhes: http://www.jazzstandard.net/red/index.html
Terça-feira, 13 de abril:
Julliard Jazz Quintet, no Dizzy’s Club Coca-Cola no Jazz at the Lincoln Center (Time Warner Center, Broadway at 60th Street)
O nome Julliard Jazz Quintet talvez não diga muito. Mas que tal esta escalação: Ron Carter, Benny Green, Carl Allen, Ron Blake & Eddie Henderson? Não precisaria dizer mais, mas vamos acrescentar uma ótima carta de vinhos by the glass e localização na beira do Central Park, bem em frente ao Columbus Circle, com vista envidraçada para um skyline que às seis horas reflete o sol se pondo e às sete já está multicolorido pelas luzes e neons.
Este é o Dizzy’s Club Coca-Cola, no complexo do Jazz at the Lincoln Center (http://www.jalc.org/). Não confundir (e se confundir também é bom!) com o Lincoln Center propriamente dito, complexo de edifícios que fica um pouco depois (entre West 62nd and 65th Streets and Columbus and Amsterdam Avenues), abrigando a Metropolitan Opera House (opera e ballet) e o Avery Fischer Hall (New York Philharmonic).
Quarta-feira, 14 de abril:
New York Philharmonic, no Avery Fisher Hall (Broadway and West 65th Street) Este foi um contrabando de música erudita na semana em que predominou o jazz. O Avery Fisher Hall tem acústica magnífica e a infraestrura é impecável, mas bem que poderia dar uma melhorada no conforto da platéia. No entanto, valeu acordar mais cedo para chegar a tempo (9h45min) de assistir um ensaio aberto, pela bagatela de US$ 16, dos músicos comandados pelo maestro Riccardo Muti. O repertório (Mozart, Boccherini e Schubert) era o do concerto daquela mesma noite, de maneira que ninguém estava para brincadeira. Nem por isso a platéia ficou impedida de se divertir com Muti, tanto pela bela e potente voz de tenor com que cantava as melodias, como pela bem-humorada condução dos músicos, em inglês misturado com italiano. Um momento do maestro, especialmente, foi hilário: censurando a aspereza da execução de um trecho de Boccherini pelos músicos, Muti cantarolou um arremedo grotesco, imitando uma metralhadora. Diante da gargalhada de todos, o maestro se virou para a platéia de mais de duas mil pessoas, fez uma careta e, fingindo um tom azedo, disparou em inglês macarrônico: “I didn’t know you were coming this morning…”.
Quinta-feira, 15 de abril:
Dave Grusin, no Iridium Jazz Club (1650 Broadway with 51 St.)
Fazia tempo que Dave Grusin não se apresentava ao vivo. Ainda mais com tantos músicos bons: Peter Washington, Kenny Washington, Steve Turre, Nestor Torres e Borislav Strulev. O grande músico tocou alguns standards americanos e também Tom Jobim (“Retrato em Branco e Preto” e “Chovendo na Roseira”) e composições próprias. Em duo com o cellista Strulev, tocou dois dos pontos altos da noite: “Vocalise”, de Rachmaninoff, e o tema do filme “Tootsie”, do próprio Grusin. O Iridum Jazz Club é bem central (perto do Times Square) e está no padrão dos bons lugares de jazz em Nova Iorque, com comida, bebida e serviço bem decentes (www.iridiumjazzclub.com). Para não dizer que tudo estava bom: o som amplificado estava estranho, metalizado, abaixo do padrão dos outros lugares.
Sexta-feira, 16 de abril:
Pausa no Jazz para Roberto Carlos no Radio City Music Hall lotado.
Sábado, 17 de abril:
Kenny Werner Quintet, no Blue Note Jazz Club (131 W 3rd Street)
A despedida foi em grande estilo: grandes músicos em um dos mais conhecidos – e talvez um dos mais apertados – clubes de jazz do mundo, o Blue Note (http://www.bluenotejazz.com/). O pianista Kenny Werner formou um quinteto com alguns dos mais disputados músicos da cena atual: o baixista John Patitucci, o baterista Antonio Sanchez, o saxofonista tenor David Sanchez e o trompetista Randy Brecker, este mais veterano, irmão do saudoso saxofonista Michael Brecker. Várias performances extraordinárias, especialmente do saxofonista Sanchez, inclusive no improviso sobre a música-tema dos filmes de Harry Potter, talvez eternizado pelas gravações de um cd que estavam sendo feitas naquela noite e na seguinte. Só se torce para que o toque do telefone celular de um dos integrantes do nosso grupo não tenha estragado a gravação!
Oi, sou a Alexandra Aranovich
Autora do blog Café Viagem, criadora de conteúdo e sommelier. Degusto a vida entre vinhos, viagens e café da manhã. Moro em Porto Alegre, mas vivo com o coração no mundo. Como posso te ajudar a degustar teu sonho?